segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Evangelizando Corações: Família (Ótimo texto sobre saúde!) - Instituto André Luiz

"Todos os sentimentos que nos ponham em desarmonia com o ambiente onde fomos chamados a viver, geram emoções que desorganizam não só as colônias celulares do corpo físico, mas também o tecido sutil da alma, agravando a anarquia do psiquismo...."


S A Ú D E
Joaquim Murtinho

Se o homem compreendesse que a saúde do corpo é reflexo da harmonia espiritual, e se pudesse abranger a complexidade dos fenômenos íntimos que o aguardam além da morte, certo se consagraria à vida simples, com o trabalho ativo e a fraternidade legitima por normas de verdadeira felicidade.

A escravização aos sintomas e aos remédios não passa, na maioria das ocasiões, de fruto dos desequilíbrios a que nos impusemos.

Quanto maior o desvio, mais dispendioso o esforço de recuperação. Assim, também, cresce o número das enfermidades à proporção que se nos multiplicam os desacertos, e, exacerbadas as doenças, tornam-se cada vez mais difíceis e complicados os processos de tratamento, levando milhões de criaturas a se algemarem a preocupações e atividades que adiam, indefinidamente, a verdadeira obra de educação que o mundo necessita.

O homem é inquilino da carne, com obrigações naturais de preservação e defesa do patrimônio que temporariamente usufrui.

Não se compreende que uma pessoa instruída amontoe lixo e lama, ou crie insetos patogênicos no próprio âmbito doméstico...

Existe, no entanto, muita gente de boa leitura e de hábitos respeitáveis que permite a entrada em si, de minuto a minuto, de tóxicos variados, como a cólera e a irritação, dando pasto a pensamentos aviltantes cujos efeitos por muito tempo se fazem sentir na vida diária.*

Sirvamo-nos deste símbolo, para estender-nos em mais simples considerações. Se sabemos imprescindível a higiene interna da casa, por que não movermos o espanador da atividade benéfica, desmanchando as teias escuras das idéias tristes? Por que não fazer ato salutar do uso da água pura, em vasta escala, beneficiando os mais íntimos escaninhos do edifício celular e atendendo igualmente ao banho diário, no escrúpulo do asseio? Se nos desvelamos em conservar o domicílio suficientemente arejado, por que não respirar, a longos haustos, o oxigênio tão puro quanto possível, de modo a facilitar a vida dos pulmões?

Quem construa uma habitação, cogita, não somente bases sólidas, que a suportem, senão da orientação, de tal jeito que a luz do sol a envolva e penetre profundamente; jamais voltaria esse alguém a situar o ambiente doméstico numa caverna de troglodita.

Analogamente, deve o homem assentar fundamentos morais seguros, que lhe garantam a verdadeira felicidade, colocando-se, no quadro social onde vive, de frente voltada para os ideais luminosos e santificantes, de modo que a divina inspiração lhe inunde as profundezas da alma.

Frequentemente a moradia das pessoas cuidadosas e educadas se exorna, em seu derredor, de plantas e de flores que encantam o transeunte, convidando-o à contemplação repousante e aos bons pensamentos.
Por que não multiplicar em torno de nós os gestos de gentileza e de solidariedade, que simbolizam as flores do coração?

Ninguém é tentado a descansar ou a edificar-se em recintos empedrados ou espinhosos.

Assim também, a palavra agradável que proferimos ou recebemos, as manifestações de simpatia, as atitudes fraternais e a compreensão sempre disposta a auxiliar, constituem recursos medicamentosos dos mais eficientes, porque a saúde, na essência, é harmonia de vibrações.

Quando nossa alma se encontra realmente tranqüila, o veículo que lhe obedece está em paz.

A mente aflita despede raios de energia desordenada que se precipitam sobre os órgãos à guisa de dardos ferinos, de consequências deploráveis para as funções orgânicas.

O homem comumente apenas registra efeitos, sem consignar as causas profundas.

E que dizer das paixões insopitadas, das enormes crises de ódio e de ciúme, dos martírios ocultos do remorso, que rasgam feridas e semeiam padecimentos inomináveis na delicada constituição da alma?
Que dizer relativamente à hórrida multidão dos pensamentos agressivos duma razão desorientada, os quais tanto malefício trazem, não só ao indivíduo, mas, igualmente, aos que se achem com ele sintonizados?

O nosso lar de curas na vida espiritual vive repleto de enfermos desencarnados. Desencarnados embora, revelam psicoses de trato difícil.
A gravitação é lei universal, e o pensamento ainda é matéria em fase diferentes daquelas que nos são habituais. Quando o centro de interesses da alma permanece na Terra, embalde se lhe indicará o caminha das alturas.
Caracteriza-se a mente também, por peso específico, e é na própria massa do Planeta que o homem enrodilhado em pensamentos inferiores se demorará, depois da morte, no serviço de purificação.
Os instrutores religiosos, mais do que doutrinadores, são médicos do espírito que raramente ouvimos com a devida atenção, enquanto na carne.
Os ensinamentos da fé constituem receituário permanente para a cura positiva das antigas enfermidades que acompanham a alma, século após século.
Todos os sentimentos que nos ponham em desarmonia com o ambiente, onde fomos chamados a viver, geram emoções que desorganizam, não só as colônias celulares do corpo físico, mas também o tecido sutil da alma, agravando a anarquia do psiquismo.
Qualquer criatura, conscientemente ou não, mobiliza as faculdades magnéticas que lhe são peculiares nas atividades do meio em que vive. Atrai e repele. Do modo pelo qual se utiliza de semelhantes forças depende, em grande parte, a conservação dos fatores naturais de saúde.

O espírito rebelde ou impulsivo que foge às necessidades de adaptação, assemelha-se a um molinete elétrico, armado de pontas, cuja energia carrega e, simultaneamente, repele as moléculas do ar ambiente; assim, esse espírito cria em torno de si um campo magnético sem dúvida adverso, o qual, a seu turno, há de repeli-lo, precipitando-o numa “roda-viva” por ele mesmo forjada.

Transformando-se em núcleo de correntes irregulares, a mente perturbada emite linhas de força, que interferirão como tóxicos invisíveis sobre o sistema endocrínico, comprometendo-se a normalidade das funções.

Mas não são somente a hipófise, a tireóide ou as cápsulas supra-renais as únicas vítimas da viciação. Múltiplas doenças surgem para a infelicidade do espírito desavisado que as invoca. Moléstias como o aborto; a encefalite letárgica, a esplenite, a apoplexia cerebral, a loucura, a nevralgia, a tuberculose, a coréia, a epilepsia, a paralisia, as afecções do coração, as úlceras gástricas e as duodenais, a cirrose, a icterícia, a histeria e todas as formas de câncer podem nascer dos desequilíbrios do pensamento.

Em muitos casos, são inúteis quaisquer recursos medicamentosos, porquanto só a modificação do movimento vibratório da mente, à base de ondas simpáticas, poderá oferecer ao doente as necessárias condições de harmonia.
Geralmente, a desencarnação prematura é o resultado do longo duelo vivido pela alma invigilante; esses conflitos prosseguem na profundeza da consciência, dificultando a ligação entre a alma e os poderes restauradores que governam a vida.
A extrema vibratilidade da alma produz estados de hipersensibilidade, os quais, em muitas circunstâncias, se fazem seguir de verdadeiros desastres organopsíquicos.

O pensamento, qualquer que seja a sua natureza, é uma energia, tendo, conseguintemente, seus efeitos.

Se o homem cultivasse a cautela, selecionando inclinações e reconhecendo o caráter positivo das leis morais, outras condições, menos dolorosas e mais elevadas, lhe presidiriam à evolução.
É imprescindível, porém, que a experiência nos instrua individualmente. Cada qual em seu roteiro, em sua prova, em sua lição.
Com o tempo aprenderemos que se pode considerar o corpo como o “prolongamento do espírito”, e aceitaremos no Evangelho do Cristo o melhor tratado de imunologia contra todas as espécies de enfermidade.

Até alcançarmos, no entanto, esse período áureo da existência na Terra, continuemos estudando, trabalhando e esperando...

(Do livro "Falando à Terra", pelo Espírito Joaquim Murtinho - Francisco Cândido Xavier/Espíritos Diversos)
NOTA: O link abaixo contém a relação de livros publicados por Chico Xavier e suas respectivas editoras:
http://www.institutoandreluiz.org/chicoxavier_rel_livros.html

* Original: "Existe, no entanto, muita gente de boa leitura e de hábitos respeitáveis que não se lhe dá atochar dos mais vários tóxicos a residência corpórea e que não acha mal no libertar e cólera e a irritação, de minuto a minuto, dando pasto a pensamentos aviltantes, cujos efeitos por muito tempo se fazem sentir na vida diária." (Parágrafo confuso - Nota nossa).


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2) 2010 - Evangelizando Corações: Jovens
3) 2010 - Evangelizando Corações: Adultos
4) 2010 - Evangelizando Corações: Passado
5) 2010 - Evangelizando Corações: Presente
6) 2010 - Evangelizando Corações: Futuro
7) 2010 - Evangelizando Corações: Família

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sábado, 16 de outubro de 2010

"O homem não aceita mais ficar triste" - Entrevista com o Psiquiatra Miguel Chalub

Uma das maiores autoridades brasileiras em depressão, o médico diz
que, hoje, qualquer tristeza é tratada como doença psiquiátrica. E que
prefere-se recorrer aos remédios a encarar o sofrimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que a depressão será a
doença mais comum do mundo em 2030 – atualmente, 121 milhões de
pessoas sofrem do problema. Para o psiquiatra mineiro Miguel Chalub,
70 anos, há um certo exagero nessas contas. Ele defende que tanto os
pacientes quanto os médicos estão confundindo tristeza com depressão.
“Não se pode mais ficar triste, entediado, porque isso é imediatamente
transformado em depressão”, disse em entrevista à ISTO É

Professor das universidades Federal (UFRJ) e Estadual do Rio de
Janeiro (Uerj), ele afirma que os psiquiatras são os que menos
receitam antidepressivos, porque estão mais preparados para reconhecer
as diferenças entre a “tristeza normal e a patológica”. Mas o
despreparo dos demais especialistas não seria o único motivo do que o
médico chama de “medicalização da tristeza”. Muitos profissionais se
deixam levar pelo lobby da indústria farmacêutica. “Os laboratórios
pagam passagens, almoços, dão brindes. Você, sem perceber, começa a
fazer esse jogo.”



Por que tantas previsões alarmantes sobre o aumento da depressão no mundo?

Miguel Chalub - Porque estão sendo computadas situações humanas de
luto, de tristeza, de aborrecimento, de tédio. Não se pode mais ficar
entediado, aborrecido, chateado, porque isso é imediatamente
transformado em depressão. É a medicalização de uma condição humana, a
tristeza. É transformar um sentimento normal, que todos nós devemos
ter, dependendo das situações, numa entidade patológica.



Por que isso aconteceu?

Miguel Chalub - A palavra depressão passou a ter dois sentidos.
Tradicionalmente, designava um estado mental específico, quando a
pessoa estava triste, mas com uma tristeza profunda, vivida no corpo.
A própria postura mostrava isso. Ela não ficava ereta, como se tivesse
um peso sobre as costas. E havia também os sintomas físicos. O
aparelho digestivo não funcionava bem, a pele ficava mais espessa.
Mas, nos últimos anos, a palavra depressão começou a ser usada para
designar um estado humano normal, o da tristeza. Há situações em que,
se não ficarmos tristes, é um problema – como quando se perde um ente
querido. Mas o homem não aceita mais sentir coisas que são humanas,
como a tristeza.



A que se deve essa mudança?

Miguel Chalub - Primeiro, a uma busca pela felicidade. Qualquer coisa
que possa atrapalhá-la tem que ser chamada de doença, porque, aí,
justifica: “Eu não sou feliz porque estou doente, não porque fiz
opções erradas.” Dou uma desculpa a mim mesmo. Segundo, à tendência de
achar que o remédio vai corrigir qualquer distorção humana. É a busca
pela pílula da felicidade. Eu não preciso mais ser infeliz.



O que diferencia a tristeza normal da patológica?

Miguel Chalub - A intensidade. A tristeza patológica é muito mais
intensa. A normal é um estado de espírito. Além disso, a patológica é
longa.



Quanto tempo é normal ficar triste após a morte de um ente querido, por exemplo?

Miguel Chalub - Não dá para estabelecer um tempo. O importante é que a
tristeza vai diminuindo. Se for assim, é normal. A pessoa tem que ir
retomando sua vida. Os próprios mecanismos sociais ajudam nisso. Por
que tem missa de sétimo dia? Para ajudar a pessoa a ir se desonerando
daquilo.

Quais são os sintomas físicos ligados à depressão?

Miguel Chalub - Aperto no peito, dificuldade de se movimentar, a
pessoa só quer ficar deitada, dificuldade de cuidar de si próprio, da
higiene corporal. Na tristeza normal, pode acontecer isso por um ou
dois dias, mas, depois, passa. Na patológica, fica nas entranhas.



Ainda há preconceito com quem tem depressão?

Miguel Chalub - Não. É o contrário. A vulgarização da depressão
diminuiu o preconceito, mas criou outro problema, que é essa doença
inexistente. Antes, a pessoa com depressão era vista como fraca. Hoje,
as pessoas dizem que estão deprimidas com a maior naturalidade. Não se
fica mais triste. Se brigar com o marido, se sair do emprego, qualquer
motivo é válido para se dizer deprimido. Pode até ser que alguém fique
realmente com depressão, mas, em geral, fica-se triste. O sofrimento
não significa depressão. E não justifica o uso de medicamentos.



Os médicos não deveriam entender este processo?

Miguel Chalub - Os médicos não estão isentos da ideologia vigente. O
que acontece é: você vem ao meu consultório. Eu acho que você não está
deprimido, que está só passando por uma situação difícil. Então,
proponho que você faça um acompanhamento psicoterápico. Você não fica
satisfeito e procura outro médico, que receita um antidepressivo. Ele
é o moderno, eu sou o bobão. Para não ser o bobão, eu receito um
antidepressivo logo. É uma coisa inconsciente.



Inconsciente?

Miguel Chalub - Os médicos querem corresponder à demanda. Senão, o
paciente sairá achando que não foi bem atendido. Receitando um
antidepressivo, eles correspondem à demanda, porque a pessoa quer ser
enquadrada como deprimida. Mas há a questão dos laboratórios. Eles
bombardeiam os médicos.



A ponto de influenciar o comportamento deles?

Miguel Chalub - Se for um médico com boa formação em psiquiatria,
mesmo que não seja psiquiatra, ele saberá rejeitar isso, mas outros
não conseguem. Eles se baseiam nos folhetos do laboratório. Não é por
má-fé. Os laboratórios proporcionam muitas coisas. Pagam passagens,
almoços, dão brindes. O médico, sem perceber, começa a fazer o jogo.
Porque me pagaram uma passagem aérea ou me deram um laptop, acabo
receitando o que eles estão querendo.



O médico se vende?

Miguel Chalub - Sim. Por isso é que há uma resolução da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária proibindo os laboratórios de dar
brindes aos médicos. Nenhum laboratório suborna médico, não que eu
saiba, nem vai chegar aqui e dizer: “Se você receitar meu remédio, vou
lhe dar uma mensalidade.” Mas eles fazem esse tipo de coisa, que é
subliminar. O médico acaba tão envolvido quanto se estivesse recebendo
um suborno realmente.



Esse lobby é capaz de fazer um médico receitar certo remédio?

Miguel Chalub - Aí é a demanda e a lei do menor esforço. Se o paciente
chegar se queixando de insônia, por exemplo, o que o médico deveria
fazer era ensiná-lo como dormir. Ou seja, aconselhar a tomar um banho
morno, um copo de leite morno, por exemplo. Mas é mais fácil, tanto
para o paciente quanto para o médico, receitar um remédio para dormir.



Os demais especialistas também receitam remédios psiquiátricos, não?

Miguel Chalub - Quem mais receita antidepressivos não são os
psiquiatras, são os demais especialistas. Os psiquiatras têm uma
formação para perceber que primeiro é preciso ajudar a pessoa a
entender o que está se passando com ela e depois, se for uma depressão
mesmo, medicar. Agora, os outros, não querem ouvir. O paciente diz:
“Estou triste.” O médico responde: “Pois não”, e receita o remédio.
Brinco dizendo o seguinte: se você for a um clínico, relate só o
problema clínico. Dor aqui, dor ali. Não fale que está chateado, senão
vai sair com um antidepressivo. É algo que precisamos denunciar.



Os psiquiatras deveriam ser os únicos autorizados a receitar esse tipo
de medicamento?

Miguel Chalub - Não acho que seja motivo para isso. Os outros
especialistas têm capacidade de receitar, desde que não entrem nessa
falácia, nesse engodo.



Mas os demais especialistas estão capacitados para receitar essas drogas?

Miguel Chalub - Em geral, não.



É comum o paciente chegar ao consultório com um “diagnóstico” pronto?

Miguel Chalub - É muito comum. Uma vez chegou um paciente aqui que se
apresentou assim: “João da Silva, bipolar.” Isso é uma apresentação
que se faça? Quase respondi: “Miguel Chalub, unipolar.” É uma
distorção muito séria.



O acesso à informação, nesse sentido, tem um lado ruim?

Miguel Chalub - A internet é uma faca de dois gumes. É bom que a
pessoa se informe. A época em que o médico era o senhor absoluto
acabou. Mas a informação via Google ainda é precária. Muitas vezes, a
depressão, por exemplo, é ansiedade. Mas as pessoas não querem
conviver com a ansiedade, que é uma coisa desagradável, mas que também
faz parte da nossa humanidade. Tenho uma paciente que disse: “Ando com
um ansiolítico na bolsa. Saí de casa, me aborreci, coloco ele para
dentro.” Então é isso? Se alguém me fala algo desagradável, eu tomo um
ansiolítico? Isso é uma verdadeira amortização das coisas.



O que causa a depressão?

Miguel Chalub - Esse é um dos grandes mistérios da medicina. A gente
não sabe por que as pessoas ficam deprimidas. O mecanismo é conhecido,
está ligado a uma substância chamada serotonina, mas o que o
desencadeia, não sabemos. Há teorias, ligadas à infância, a perdas
muito precoces, verdadeiras ou até imaginárias – como a criança que
fica aterrorizada achando que vai perder os pais. As raízes da
depressão estão na infância. Os acontecimentos atuais não levam à
depressão verdadeira, só muito raramente. Justamente o contrário do
que se imagina. Mas mexer na infância é muito doloroso. Não tem
remédio para isso. Precisa de terapia, de análise, mas as pessoas não
querem fazer, não querem mexer nas feridas. Então é melhor colocar um
esparadrapo, para não ficar doendo, e pronto. É a solução mais fácil.



O antidepressivo é sempre necessário contra a depressão?

Miguel Chalub - Quando é depressão mesmo, tem que ter remédio.



Há quem diga que hoje a moda é ter um psiquiatra, não um analista. O
que sr. acha disso?

Miguel Chalub - As pessoas estão desamparadas. Desamparo é uma
condição humana, mas temos que enfrentá-lo, assim como o fracasso, a
solidão, o isolamento. Não buscar psiquiatras e remédios. Em algum
momento, isso pode ficar tão sério, tão agudo, que a pessoa pode
precisar de uma ajuda, mas para que a ensinem a enfrentar a situação.
Ensina-me a viver, como no filme. Não é me dar pílulas, para eu ficar
amortecido.



O que é felicidade para o sr.?

Miguel Chalub - A OMS tem uma definição de saúde muito curiosa: a
saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social. Essa
é a definição de felicidade, não de saúde. Felicidade, para mim, é
estar bem consigo mesmo e com o outro. Estar bem consigo mesmo é
também aceitar limitações, sofrimento, incompetências, fracassos. Ou
seja, felicidade também é ficar triste de vez em quando.

Uma teoria em psicossomática na formação da úlcera gastroduodenal - Dr. José Rubens Naime

Sem levar em consideração os fatores mecânicos ou bacteriológicos na formação da úlcera gastroduodenal, mas apenas os fatores neuropsicológicos e psicanalíticos envolvidos, parte-se do princípio que a úlcera gastroduodenal é formada a partir de uma fixação do adulto na fase oral, que além da U.G.D, poderia, em movimento contrário, ter levado também a obesidade e até mesmo a obesidade mórbida, quando se faz muito intensa a pressão afetiva, nas componentes: rejeição, carência afetiva ou ao contrário, agressão por excesso de alimentação (como compensatório ao medo de falta de afeto, substituição de afeto por comida). Há um autor em psicanálise que trouxe uma definição muito boa para a maternagem dos primeiros dias e meses, que diz: O cuidado maternal deve ser feito por pessoas que sejam "mães suficientemente boas", mãe compreendido aqui quem fará esse cuidado maternal e não só a mãe em si. Pois, podemos ter mães rejeitadoras, mães que não conseguem ser mães, mães que morrem e têm que ser substituídas, mães que trabalham, etc. E, esse papel terá que ser feito por uma mãe suficientemente boa, que é a que não deu à luz, mas, a que consegue ser esse tipo de mãe.
Mãe suficientemente boa é aquela pessoa que consegue entender e suprir de maneira adequada as necessidades da criança, sem exagero, nem por ansiedade e controle total dos desejos da criança, nem por ausência, ou seja, nem mimando exageradamente que a criança não tenha chance de expressar suas necessidades, nem deixando que a criança passe por necessidades que não deveria passar (mães narcísicas, que só realizam o próprio desejo, ou seja, só cuidam da criança quando ACHAM que a criança precisa e não quando a mesma precisa realmente).
Na fase oral do desenvolvimento (segundo a psicanálise) a criança adquire o mundo não só através do alimento, mas do que ou da forma como o alimento é administrado, ou seja, a forma como a criança é acalentada, acolhida no colo, amamentada. Nos seres humanos há uma diferença fundamental em relação aos outros animais. Os animais em geral se contentam com o mamar para saciar a fome (ou seja vivem, conforme as necessidades), já os seres humanos ao lado do alimento, necessitam viver e sentir o prazer do alimento e de ser alimentados, pois é desta relação que nasce a necessidade de comunicação e da necessidade de comunicação que nasce a linguagem e da linguagem a criação da cultura. A criança que é super alimentada (função materna controladora ou fóbica) vai desenvolver uma obesidade, pois a criança capta que para ser nutrida também afetivamente, ela necessita de alguma forma se alimentar de alimentos (para receber atenção e afeto)
Teremos então que, de outro lado, se uma criança é frustrada tanto no sentido da carência de afeto como nos cuidados mais elementares, ela passa a ativar ao lado de uma fome verdadeira de alimentos uma "fome" de afeto que passa a ativar o sistema de defesa à vida. Não há possibilidade de fugir nem de lutar pela própria impotência da criança em se prover e ser dependente totalmente. A criança passa então a ativar seus sistemas de defesa primitivos já que não tem capacidade de ativar respostas corticais por meio do pensamento e consequentemente da estratégia racional para resolver a carência. Esses sistemas de defesa ativam primeiro os órgãos dos sentidos (principalmente o olhar, o tato, o olfato; depois com a dor da fome física e psíquica, o choro e o desespero e por fim o desânimo) Se a criança é satisfeita em algum momento mas nem sempre é satisfeita, não tendo segurança e controle de que possa sê-lo, ela pode começar a ter quedas de defesa e consequentemente doenças várias decorrentes da queda de resistência geral. Caso a criança precise chegar ao ponto de exaustão para ser satisfeita, ela pode desistir e morrer ou ter graves problemas físicos e psiquiátricos. Caso a criança tenha chance de uma satisfação deficitária, mas que "sabe" que com o sofrimento e o choro a satisfação tarda mas sempre vem, pode desenvolver problemas gástricos. Por quê? Porque ao ativar o sistema de defesa primitivo, a criança ativa o cérebro primitivo, responsável pelas respostas afetivas, ou seja o sistema Límbico (giro do cíngulo, amígdala, corpos mamilares) além do tálamo e hipotálamo, que por decorrência ativam a hipófise (sede da estimulação de todo funcionamento hormonal). A hipófise num de seus inúmeros componentes, ativa a supra-renal a produzir adrenalina para manter as funções vitais funcionantes (coração, pulmão, cérebro, rins). Só que ao demorar a satisfação dos desejos afetivos, a adrenalina provoca a saída de glicose para o sangue para suprir o gasto energético. Aumenta então, o apetite corporal-físico. O estomago produz mais ácido clorídrico do que o necessário. O acido clorídrico em excesso prejudica o muco estomacal e surgem então as gastrites e úlceras. Esse mecanismo se torna então crônico e num circulo vicioso a pessoa cresce sempre com problemas gástricos. Na infância e adolescência e começo da idade adulta os sintomas são mascarados e tratados com sintomáticos e as tarefas da vida ainda não são suficientes para causar grandes desgastes. Quando adulto , que as tarefas são imensas, os desgastes enormes, o individuo tem que cuidar de sua própria sobrevivência, ou seja ser autônomo, volta-lhe então aquele vazio afetivo que ficou da infância. É aí que o adulto , buscando defender-se afetivamente, volta para o período da infância em que deveria ter sido satisfeito. E não encontra resposta.
A criança internalizada não tem como responder a essa situação de uma maneira positiva. Não há reencontro de uma maternagem satisfatória. A essa busca no passado damos o nome de ponto de fixação. O adulto , através de sua criança fixada, não sabe se sente fome ou carência. Passa então ou a beber bebidas alcoólicas, perde o apetite, emagrece, ativa novamente seu sistema primitivo de defesa, ativa seu sistema nervoso primitivo em busca de afeto, estimula todas suas glândulas , produz adrenalina em excesso, ativa o produção de suco gástrico em excesso e acaba com um ulcera gastroduodenal. A ulcera pode se estabilizar, pode sarar se tiver um tratamento adequado (medicações clinicas, psiquiátricas e psicoterapia) ou pode perfurar, terminando em cirurgia. Assim, termina algo que se iniciou às vezes, 20, 30 , 40 anos, depois do início desde o nascimento. JRNAime

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uma Teoria Sobre a Formação de Doença Psicossomática (A Asma) - Dr. José Rubens Naime - Médico Psiquiatra

Levando em consideração a neurologia, a fisiologia, o funcionamento glandular e hormonal , a psiquiatria e a psicanálise, podemos criar uma hipótese sobre a formação das doenças psicossomáticas. Entre elas a asma.
Temos que primeiramente pensar que a asma se caracteriza por ser uma patologia do pulmão e no pulmão. Caracteriza-se por causar uma falta de ar muito intensa, advinda de uma constrição muito intensa dos brônquios e bronquíolos, cuja dificuldade de passagem do ar, provoca aumento de secreção alveolar o que dificulta as trocas gasosas entre os pulmões e o sangue circulante. Com isso, a sensação de angústia aumenta, há um prejuízo na oxigenação sanguínea o que, a longo prazo, provoca diferentes alterações fisiológicas com consequente prejuízo nos diversos órgãos irrigados e um maior esforço cardíaco e renal. A respiração fica difícil, a sensação de desconforto é muito grande, aumentando a ansiedade e num círculo vicioso, com o aumento da ansiedade diminui o aporte de oxigênio, a respiração fica superficial ainda que se queira aprofundá-la, perde-se líquido, ressecando-se os brônquios. Com isso aparecem sibilos, e sons característicos de uma crise asmática.
De um ponto de vista psicossomático o que ocorre é que, a partir de um sentimento de abandono (que pode ser por rejeição explícita, ou por um abandono no cuidado, ou por um cuidado excessivo do somático com prejuízo do psíquico) a criança tende a "ler" esse abandono como solidão. Chora, mas não é ouvida em suas necessidades psíquicas. Chora e é ouvida em suas necessidades físicas, ou seja, é superalimentada,, por exemplo. Ao sentir-se abandonada (nem sempre é real do ponto de vista físico. O real aqui é do ponto de vista psíquico), a criança (ou a criança no adulto) ativa um mecanismo de defesa por estar em risco de morte psíquica. Fica ansiosa, aumenta sua respiração e como seus pulmões ainda são imaturos, provocam um ressecamento dos mesmos (para alguns estudiosos de psicossomática, esse ressecamento corresponde a um choro sem lagrimas).
Ao entrar em risco de morte, os cuidadores (no caso, da criança) são obrigados a perceberem o sofrimento da criança e a levam ao medico. Inconscientemente, a criança percebe que esse mecanismo de defesa tornou-se a sua salvação psíquica. Não podendo fugir nem lutar, uma solução intermediária pode ser exercida (surge a asma).
Se os cuidadores dessa criança ou um bom medico pediatra, souberem atentar para o que ocorre, além dos medicamentos que se usam (broncodilatadores e antiinflamatórios, adrenalina subcutânea e corticóides) orientará os cuidadores sobre a solidão dessas crianças e para a abertura dessas crianças ao relacionamento social (grupos de outras crianças, natação etc.) ainda orientações no plano do psíquico, pode-se reverter esses quadros antes que se tornem crônicos e passem a fazer parte da vida dessas pessoas. Do ponto de vista neuropsiquiátrico, podemos pensar que quando a criança fica ansiosa e angustiada, e ativa a defesa a vida, a criança ativa no cérebro um mecanismo primitivo de defesa que é o lutar ou fugir, não podendo fazer nem uma coisa nem outra, tenta a terceira via que é compreender e daí arranjar uma solução racional. Mas a criança não consegue ainda ativar o raciocínio a ponto de conseguir uma solução tão madura pois seu cérebro ainda trabalha basicamente só com o sistema límbico (o local da percepção dos sentimentos) e as reações geralmente tendem a ser imediatas pois tem a ver com o cérebro responsável pelo controle motor. Daí, não se conseguindo uma resposta racional ou intelectual, a resposta tende a ser primitiva ou corporal. Com isso, o sistema límbico será ativado, ativa a hipófise, que desencadeia uma reação hormonal generalizada, cuja maior repercussão vai ser ao nível da supra-renal de imediato e posteriormente ao nível de todos os outros órgãos com ligação a função da hipófise.
A supra-renal "entende" que deva preservar a vida, produzindo mais adrenalina do que o necessário para uma vida normal e glicocorticóides. A adrenalina, acelerando a circulação sanguínea, provoca maior funcionamento de todos os órgãos, principalmente do coração e rins, estimula a respiração para uma maior oxigenação dos órgãos e quando chega ao limite do funcionamento, superficializa a respiração produzindo o que chamamos ASMA.
Do ponto de vista psicanalítico, podemos inferir que, sendo os pulmões os primeiros órgãos mais exigidos logo apos o nascimento da criança, podemos dizer que estamos lidando com o que Freud denominou como fase Oral do desenvolvimento, ou seja uma fase bastante primitiva no desenvolvimento e que exige não só satisfação oral através do alimento, mas também aconchego, carinho, atendimento as necessidades básicas de alimentos , cuidados e amor, compreensão dos sentimentos da criança.
Resumindo: A ASMA, do ponto de vista psicossomático (uma hipótese), é uma patologia gerada a partir da fase oral, por um sentimento de abandono, que ativa as defesas primitivas, que não podendo ser compreendidas racionalmente para uma resposta independente, ativa o mecanismo de defesa luta ou fuga, que não podendo ser ativado de maneira adequada, provoca uma resposta orgânica, na tentativa de, por meio do instinto de vida e sobrevivência, sair da morte psíquica. Não tendo uma resposta adequada, outras lesões poderão advir disso, tendo uma resposta adequada, repete-se esse mecanismo de defesa toda vez que a criança se vê novamente abandonada ou agora para obter carinho e aceitação. A aceleração da respiração, causa um desconforto cujos sintomas são ansiedade, angustia, falta de ar, respiração ofegante, problemas pulmonares, advindos da quase falência dos órgãos responsáveis por defender a pessoa de tal estado. Para reverter tal quadro, administram-se substancias broncodilatadoras e antiinflamatórios poderosos (os mesmos que por um tempo defenderam a pessoa da moléstia, mas que por exaustão mergulharam a pessoa na patologia). O que se faz é apenas dar a mais algo que o organismo não consegue produzir alem do normal. Com isso geralmente as pessoas engordam, pois os glicocorticóides aumentam o apetite. Sem uma psicoterapia profunda para se compreender esse mecanismo não ha solução. Ao aumentar o apetite, aplaca-se a angustia da solidão com alimento, que justamente e o que cuidadores fizeram com a criança na fase oral e justamente o que não deu certo por muito tempo. Daí o círculo vicioso (sentimento de abandono, o cuidador vê como fome. Dá-lhe alimento, a criança engorda. Como falta afeto, a criança fica ansiosa. A criança ansiosa, chora e não e atendida no seu choro solitário e o alimento não basta. Fica ansiosa, acelera a circulação, resseca os pulmões e daí a asma).